segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ambientalistas veem aparelhamento político em UCs de São Paulo

Técnicos foram trocados por líderes de partido; presidente de fundação diz que prefere ‘gestor que saiba administrar’

Dentro da comunidade ambientalista, o descontentamento com a atual gestão da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) é crescente, beirando o intolerável. Fontes do próprio governo e da sociedade civil acusam o secretário Bruno Covas (PSDB) de promover um aparelhamento generalizado do sistema ambiental paulista, com a substituição de funcionários técnicos por indicações políticas e enfraquecimento dos mecanismos de controle e monitoramento, em favor de interesses políticos e econômicos da pasta.

Vários técnicos de carreira, com grande experiência na área, foram demitidos ou afastados de suas funções nos últimos dois anos. Os gerentes de quase todas as unidades de conservação foram trocados (alguns deles várias vezes) e, em vários casos, substituídos por técnicos de pouca experiência ou por pessoas sem qualificação na área.

“A impressão é que a secretaria foi transformada num comitê eleitoral”, diz o presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.

A SMA disse que a afirmação lhe causava “profunda estranheza”, e rebateu as críticas de aparelhamento por escrito, dizendo: “É possível que, com a mudança de alguns gestores, interesses tenham sido feridos e, desse modo sim, desfeito um ‘comitê’ dirigido a interesses de grupos minoritários ou de pessoas”.

O gestor indicado pela secretaria para o Parque Estadual Furnas do Bom Jesus, por exemplo, é o dentista Carlos Scandiuzzi, um político da região ligado ao PSDB. O gestor do Parque Estadual de Campos do Jordão e gerente regional para o Vale do Paraíba é o publicitário Fabiano Vanone, candidato a deputado estadual pelo PSDB em 2006 e ex-presidente da Juventude do partido em Taubaté, na região do parque. O gestor do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Luiz Bitetti da Silva, é um advogado da cidade de Cruzeiro, onde já foi duas vezes candidato a prefeito e uma, a vereador. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, Bitetti é advogado especializado em administração pública e gestão ambiental.

“São todos cargos de confiança e que atendem aos requisitos que a gente entende necessários de conhecimento técnico e de confiança”, justificou Covas, em entrevista ao Estado. Sobre o fato de alguns deles não terem experiência em gestão ambiental, ele destacou que a secretaria publicou recentemente o Manual do Gestor, um livreto de 130 páginas, “com todas as informações necessárias, caso haja alguma dúvida”.

No caso mais recente, o engenheiro florestal João Paulo Villani, que cuidava há 25 anos do núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, foi retirado do cargo na terça-feira. No lugar dele, entrou o analista de sistemas Valdir Martimiano Dias, que dois meses antes havia sido nomeado para gerir simultaneamente três Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e o Monumento Natural da Pedra do Baú. Dias foi candidato a vereador de São José dos Campos pelo PSDB em 2000.

No início do mês, o gestor da APA Marinha do Litoral Centro, o oceanógrafo Marcos Campolim – considerado um dos técnicos mais experientes da Fundação Florestal –, foi demitido e substituído por André Alvino Guimarães Caetano, um ex-diretor de finanças do Sindicato de Supervisores do Magistério no Estado de São Paulo e membro do Conselho Estadual de Educação. O diretor executivo da Fundação Florestal (FF), Olavo Reino Francisco, disse que Caetano é um “biólogo muito conceituado na área” e está capacitado para gerir a APA Marinha.

Questionada pelo Estado sobre a justificativa para as diversas indicações, a SMA destacou que a função de gestor abrange uma grande diversidade de tarefas, “que impõe a necessidade de um conhecimento multidisciplinar”. “Assim, a diversidade na formação profissional ao invés de ser empecilho, se mostra, em verdade, uma possibilidade de troca de experiências e soma à equipe, que passa a ter uma visão multidisciplinar dos problemas”, afirma a secretaria.

Repercussão. A saída de Campolim repercutiu negativamente na área ambiental e um abaixo-assinado foi lançado na internet para reinstituí-lo. Para a bióloga Ingrid Oberg, chefe do Ibama na Baixada Santista durante dez anos e ex-membro do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro, a troca é mais um exemplo do loteamento de cargos que vem sendo praticado na atual gestão. “Claro que influência política sempre existe em qualquer administração, mas no último um ano e meio houve um retrocesso muito grande. A coisa piorou muito”, disse Ingrid ao Estado. Campolim foi procurado, mas não quis se manifestar.

O diretor da FF defendeu as escolhas de gestores feitas durante sua gestão. “Prefiro muito mais um gestor que entenda de administração do que um técnico”, afirmou Francisco, argumentando que é mais fácil dar suporte técnico a um administrador do que ensinar um técnico a administrar. “Há unidades de conservação onde não adianta nada colocar um técnico.”

O cenário se reflete na própria cúpula da SMA, que, a exemplo de Covas, é toda formada por advogados. O secretário adjunto da pasta, Rubens Naman Rizek Junior, é um ex-presidente da Corregedoria Geral da Administração (CGA), o órgão de controle interno e apuração de irregularidades administrativas do Estado. O chefe de gabinete, Antonio Vagner Pereira, também é advogado.

Na Fundação Florestal, Francisco é delegado de polícia, também com passagem pela CGA. Abaixo dele, o atual diretor para o Litoral Sul e região do Paranapanema, Cesaltino Silva Júnior, é advogado e corretor de imóveis.

Só no ano passado, com um único decreto (número 58.234/2012), o governo estadual criou 40 cargos comissionados na FF, incluindo 26 para chefes de UCs e 14, para assessores. Com isso, o número de cargos de confiança na fundação aumentou para 105, enquanto que o de cargos concursados manteve-se inalterado, em 408. Segundo a secretaria, a criação das vagas deve-se ao aumento no número de unidades geridas pela FF, “o que implica, necessariamente, num aumento da demanda de trabalho e a necessidade de funcionários”.

“Esse aparelhamento político do sistema é o que mais preocupa”, diz o ambientalista Beto Francine, membro do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e candidato a vereador pelo PV em Ubatuba, em 2012. “Enquanto isso, as unidades de conservação estão jogadas às traças. Os palmiteiros e caçadores estão fazendo a festa.”

“A situação das UCs do Estado está tão ruim que, de coração, eu tenho vontade de chorar. Só não saio porque quem ficar no meu lugar pode não ter essa mesma preocupação. Fico para segurar o pau da barraca”, desabafa um gestor.

Fonte: Estadão (aqui)

Cronograma oficial da renovação da outorga do Sistema Cantareira é apresentado pela ANA



A Agência Nacional de Águas (ANA) apresentou, ontem, sete de agosto, em reunião com os órgãos gestores envolvidos com a renovação da outorga do Sistema Cantareira mais o Consórcio PCJ, o cronograma oficial das discussões. A comunidade participará do processo e poderá enviar contribuições até o dia oito de novembro. A meta será concluir a renovação até o final de março de 2014, no Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22.

A reunião aconteceu na sede da Agência Nacional de Águas com representantes da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de  Minas Gerais, do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e dos comitês de bacia hidrográfica do PCJ e do Alto Tietê e do Consórcio PCJ, com o seu Presidente e prefeito de Indaiatuba (SP), Reinaldo Nogueira.

De posse das contribuições da comunidade, o cronograma estabeleceu o dia seis de dezembro de 2013 para a apresentação de uma proposta orientadora para o processo final de discussão entre os entes do sistema que culminará, pretende-se, com a conclusão da renovação da outorga em 22 de março, com validade a partir do dia seis de agosto de 2014, data em que vence a outorga de 2004.

A primeira reunião oficial da renovação da outorga do Sistema Cantareira foi aberta pelo diretor presidente da ANA, Vicente Andreu, justificando a ausência do Governo de Minas Gerais, mas que encaminhou subsídios para a proposta final pertinentes a necessidade da parcela mineira das Bacias PCJ no quesito disponibilidade hídrica para sua sustentabilidade.

Na sequência, o superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos, Sérgio Ayrimoraes, proferiu um minucioso relato de todo o histórico  sobre o Sistema Cantareira, desde a sua construção na década de 1960, passando pela primeira outorga de 30 anos, em 1974, a segunda outorga em 2004, com a portaria DAEE 1213/2004, e os resultados obtidos a partir de então. Ele destacou os acertos e os desafios futuros gerados pelos eventos climáticos extremos que acometeram a região em de 2009, como, também, a disponibilidade hídrica da macrometrópole.

O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni, e Alceu Segamarchi do DAEE externaram as necessidades hídricas da Bacia do Alto Tietê. Fizeram uma justificativa do crescimento vegetativo e industrial da região que externou a necessidade de mais água para suprir as necessidades locais, como da própria macrometrópole. Após a explanação, passaram a palavra para a presidente da Sabesp, Dilma Pena, que apresentou os trabalhos da companhia no combate aos desperdícios na tentativa de recuperação e preservação dos reservatórios da grande São Paulo, como o de Guarapiranga, e esforços no tratamento de esgoto do Alto Tietê e PCJ. Dilma ainda efetuou a entrega formal do pedido de renovação da outorga do Sistema Cantareira ao diretor presidente da ANA, Vicente Andreu.

O presidente dos Comitês PCJ e prefeito de Piracicaba (SP), Gabriel Ferrato, enalteceu a importância do encontro e passou a palavra ao secretário executivo do Comitê, Luiz Roberto Moretti, que explanou sobre o plano de atividades que será desenvolvido no PCJ sobre a renovação, iniciando o trabalho dentro das câmaras técnicas. 

Na sequência o vice-presidente dos Comitês PCJ, Marco Antônio dos Santos, informou que desde a criação do Consórcio PCJ, em 1989, e do Comitê PCJ, em 1993, que a região vem investindo pesado na criação de um banco de projetos, tratamento de esgotos, combate às perdas, proteção de nascentes, sensibilização da comunidade, captação de recursos para projetos e obras, já implantou a cobrança desde 2006 com sucesso. Ele citou alguns exemplos, como o da Sanasa e o município de Campinas (SP), que está chegando a 80% do tratamento de esgotos e um dos menores índices de perdas do Brasil, abaixo de 20%.  Outros serviços de água das Bacias PCJ seguem o mesmo caminho, segundo Santos, e completou dizendo que no PCJ, desde 2012, o Comitê e o Consórcio e todas as universidades e sociedade organizada vem debatendo e aprofundando as questões de renovação da outorga do Sistema Cantareira, visando obter subsídios comunitários que permitam uma negociação harmoniosa e com máximo de eficiência possível, atendendo as Bacias PCJ e nossos irmãos do Alto Tietê.

Sobre o Sistema Cantareira


O Sistema Cantareira está entre os maiores sistemas produtores de água do mundo. Responsável de abastecimento de cerca de  9 milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo, e outros 5 milhões das Bacias PCJ, onde está a Região Metropolitana de Campinas, o Cantareira é composto por cinco reservatórios interligadas por um complexo sistema de 48 quilômetros formado por túneis, canais e uma estação de bombeamento de alta tecnologia para ultrapassar a barreira física da Serra da Cantareira. Sua área de drenagem se estende até o sul de Minas Gerais.

Fonte: Consórcio PCJ (aqui)

Nossas cidades são bombas socioecológicas


A urbanista da USP Ermínia Maricato não se surpreende com o fato de o transporte ter sido o estopim das manifestações que vêm ocorrendo nas cidades brasileiras. Nesta entrevista, ela fala sobre o caos urbano e quase tudo que o compõe, como mobilidade, mercado imobiliário, interesses das corporações, condições de vida e saúde. Por Rose Spina, da revista 'Teoria e Debate'

Rose Spina 

São Paulo - Não foi por falta de aviso! A urbanista Ermínia Maricato há alguns anos chama a atenção para os impasses na política urbana brasileira e alerta para o fato de nossas cidades serem verdadeiras bombas-relógio. Professora colaboradora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, da qual foi titular por mais de 35 anos, e professora visitante da Unicamp, Ermínia foi secretária Executiva do Ministério das Cidades (2003-2005) e de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo (1989-2002), no governo Luíza Erundina. A autora de O Impasse da Política Urbana no Brasil (Editora Vozes), que integra o Conselho da Cidade de São Paulo, diante de tantos obstáculos para uma verdadeira reforma urbana, não quer mais saber de cargos, quer ser movimento social, ir para a rua.

Alguma surpresa com o fato de as manifestações ocorridas em junho terem como estopim a situação do transporte coletivo?

Ermínia Maricato: Nenhuma. Eu estou surpresa de ver tanta gente surpresa com essa explosão, que é principalmente de classe média, mas não só. E sobre ter o transporte como o estopim. Há alguns anos falamos que o transporte é uma das principais questões. Também não estou surpresa de a direita estar na rua. Ao contrário, estava perplexa de ver a organização da direita nos veículos de comunicação, em eventos e fóruns que tenho frequentado e até em conselhos, como o de Desenvolvimento Urbano, por exemplo. Estou muito impressionada com o que está acontecendo com o chamado desenvolvimento urbano. Trata-se de uma involução, principalmente em função do mercado imobiliário.

Construímos, nos termos do capitalismo da periferia, cidades que são bombas socioecológicas devido à incrível desigualdade e segregação – nos últimos anos, com o boom imobiliário, a prioridade dada aos automóveis, às obras viárias, e ainda elevamos o grau dessa febre, com os megaeventos, a Copa. Realmente, as cidades estão entregues ao caos, a interesses privados, e as condições de vida da maioria estão piorando muito.

Por que você trata desenvolvimento como involução?

Ermínia: Existe um projeto para o crescimento do país. Nós tivemos as décadas perdidas e voltamos a investir em políticas públicas recentemente, e em transporte urbano não voltamos a investir. Existe um investimento que acompanha a Copa, mas, política de transporte urbano em nível nacional, nós não temos desde a década de 1980. Houve recuo nos investimentos em políticas públicas, habitação, saneamento e transportes, que estruturam as cidades. Em 2003, houve um retorno do investimento em saneamento, em torno de R$ 3 bilhões. Depois, em 2005, um retorno do investimento em habitação e saneamento. Em 2007, obras de infraestrutura urbana, com o PAC, e, em 2009, o programa Minha Casa, Minha Vida.

Como a recuperação do investimento se dá sem a reforma urbana, que tem como ponto central a questão fundiária e imobiliária, acontece do jeito que o diabo gosta. A apropriação principalmente da renda imobiliária e fundiária se dá por interesses privados e com aumento do preço do metro quadrado dos imóveis, que em três anos chegou a 151% em São Paulo e 185% no Rio de Janeiro. De 2009 a 2012, houve uma explosão no Brasil inteiro de preço do metro quadrado com despejos violentos, política que não esperávamos que fosse voltar tão rapidamente.

São Paulo teve episódios emblemáticos no ano passado.

Ermínia: Sim, mas há muitos incêndios e despejos em favelas. E uma das principais forças ligadas ao crescimento econômico e vinculada a essa tragédia é a mobilidade urbana. O transporte coletivo está em ruínas, não foi recuperado nos últimos trinta anos. E o automóvel entra fortemente no cenário com todas as consequências que estamos vendo.

O capital imobiliário disputa a semiperiferia e os pobres estão indo para mais longe. Temos uma reestruturação da ocupação metropolitana e urbana no Brasil a partir da especulação imobiliária sem controle fundiário e, finalmente, empresas de construção pesada priorizando o que decidem. Isso é incrível porque há cidades onde oferecem ao prefeito uma obra e não precisa ter Plano Diretor, nada... a obra sai e pronto! Se a obra é prioridade ou não, se está no Plano Diretor ou não, tanto faz.

Em São Paulo, a ampliação da Marginal Tietê é uma obra que contraria completamente a visão dos urbanistas sobre o que é prioritário. Do ponto de vista ambiental, então, é um desastre impermeabilizar ainda mais as margens do rio. Uma obra que custou R$ 1,7 bilhão. E pasmem! O ex-prefeito Gilberto Kassab deixou licitado um túnel de R$ 3 bilhões, que nem servirá para ônibus. Faz parte da operação urbana Águas Espraiadas. Felizmente pude falar sobre isso no Conselho da Cidade.

Vivemos uma situação de desmando nas cidades brasileiras. A política urbana realmente sumiu do cenário nacional. Política urbana não é um monte de obras.

O Movimento pela Reforma Urbana está organizado?

Ermínia: Está recuado e muito focado em uma demanda pontual: casa própria e financiamento para o movimento. Não há discussão de uma política ampliada.

Nossos anos dourados foram com a política do modo petista de governar, que não sei por que foi esquecido até pelos municípios. Ao olhar para a cidade ilegal, constatamos que os trabalhadores a construíram assim porque ganhavam pouco e esse deveria ser nosso lugar prioritário de ação. Então construímos uma política para recuperar a cidade ilegal.

No que consistiu essa política?

Ermínia: Prioridade à área construída ilegal, desurbanizada, esquecida pelos governos e planos anteriores. Eram bairros inteiros, periféricos, onde não existia lei. Favelas, áreas degradadas, e era preciso evitar riscos, como enchentes, desmoronamentos, epidemias, a condição insalubre e melhorar os padrões de esgoto, drenagem, coleta de lixo...

Pavimentação e equipamento de educação foram uma das coisas mais revolucionárias que fizemos na gestão Marta Suplicy. Construímos teatro, cinema, natação, dança, arte, esporte. Nosso trabalho ficou conhecido no mundo, por causa da arquitetura de habitações, pelo know how de urbanização de favelas.

Além de encontrar essa cidade ilegal e dar um outro padrão a ela, fomos em busca de outras formas de arquitetura, habitação e legislação. Nós temos um arcabouço institucional e legal, que o mundo não entende por que reclamamos.

Quais leis compõem esse aparato legal?

Ermínia: Constituição Federal, Estatuto da Cidade, famoso no mundo inteiro, Ministério das Cidades, Conferência Nacional das Cidades, Conselho das Cidades, lei federal de consórcios públicos, Plano Nacional de Habitação, lei federal de saneamento, lei de resíduos sólidos e a última é de mobilidade.

Então, onde está o problema?

Ermínia: Temos grande quantidade de conselhos, algo em torno de 20 mil. Uma enorme variedade de conferências, municipal, estadual, federal, criança, adolescente, idoso, educação, cultura... Está todo mundo ocupado no institucional. O PT está absolutamente incluído no institucional. O resultado da convocação do partido que não cobriu a Avenida Paulista de vermelho deve soar como uma luz. Eu mesma fiquei impressionada. Cadê a militância? Ela está ocupada. E a militância que foi às ruas, que não está no espaço institucional, é despolitizada, o que também é nossa responsabilidade. “Nunca fomos tão participativos”, como digo em meu livro O Impasse da Política Urbana no Brasil. Há novas instituições e um novo arcabouço legal. Tivemos muitas conquistas sociais: aumento do salário mínimo, bolsa família... Mas isso se esgotou.

E onde foi parar a reforma urbana? Não havia uma proposta?

Ermínia: Em 1979 e 1980 o país cresceu muito, depois houve queda e uns voozinhos de galinha. Com o governo Lula o país cresce. Mas esse crescimento com base na indústria automobilística deveria ter sido mais bem avaliado, pois as cidades pagariam um preço muito alto. E o pior: para criar pouco mais de 20 mil empregos durante um certo tempo, uma vez que a lógica desse tipo de indústria é desempregar.

A partir de 2007, o governo federal lançou o Programa de Aceleração do Crescimento e em 2009 o Minha Casa, Minha Vida. Com o primeiro decola a atividade de construção pesada e com o segundo a construção residencial.

Se atentarmos para a relação do PIB brasileiro e o da construção, observamos que, em 2008, o primeiro foi de 5,2%, enquanto o segundo foi de 7,9%. Em 2010, o PIB brasileiro vai a 7,5% e o da construção a 11,6%.

O PAC se destina a financiar a infraestrutura econômica (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e toda a infraestrutura de geração e distribuição de energia) e a infraestrutura social (água, esgoto, drenagem, destino do lixo, recursos hídricos, pavimentação). Finalmente o Estado reconhecia a cidade ilegal e o passivo urbano, buscando requalificar e regularizar áreas ocupadas ilegalmente. Com o Minha Casa, Minha Vida é diferente. Retoma-se a visão empresarial da política habitacional, ou seja, de construção de novas casas, apenas, sem levar em consideração o espaço urbano em seu conjunto, e muito menos a cidade já comprometida pela baixa qualidade.

Com a finalidade explícita de enfrentar a crise econômica de 2008, o programa apresenta pela primeira vez uma política habitacional com subsídios do governo federal, e para tanto foi bem-sucedido.

A taxa de desemprego na construção diminuiu muito comparada ao desemprego em outras atividades. Isso não é pouco importante, a questão está nas empresas de construção e incorporação. Em 2007, dezessete delas abriram capital na bolsa de valores, compraram um estoque de terras e estavam justamente aguardando fundos para a construção de moradias. O programa responde a essa necessidade e as empresas passaram imediatamente a construir febrilmente.

O financiamento habitacional cresceu 65% de 2009 a 2010, e no ano seguinte, 42%. O montante de subsídio concedido de 2008 a 2009 foi de aproximadamente R$ 14 bilhões. Quando as empresas entram o salto é vertiginoso. Esse subsídio foi parar no preço da terra, porque na verdade no déficit de moradia da baixa renda, até três salários, não se mexeu ainda.

Essa também é sua crítica ao programa?

Ermínia: É. O programa nesse período incluiu a classe média, de cinco a dez salários mínimos. Mas a reprodução da desigualdade e da segregação se deu pela forma agressiva com que os capitais imobiliários reassumiram o mercado de terras expulsando, com despejos violentos ou incêndios nunca bem explicados favelas ou ocupações ilegais situadas em áreas com potencial de valorização.

A elevação de preço do metro quadrado no Rio foi de quase 185% e em São Paulo de 151%. Há pessoas que fazem esse acompanhamento, como o pessoal do blog Fogo no Barraco, que mapeia os incêndios em favelas e a valorização imobiliária. Há também o Observatório de Remoções de São Paulo, sobre despejos, criado por nossos pesquisadores.

A favela do Moinho, que pegou fogo duas vezes, está localizada na linha de uma operação urbana prevista da Lapa ao Brás, feita por um escritório americano. Eles tomaram conta!

E a região da Cracolândia?

Ermínia: Lá ficou claro que se tratava de um programa do Kassab com o Serra, Nova Luz, que o Fernando Haddad suspendeu. É outro ponto dessa linha Lapa-Brás.

Há também investimento pesado na Barra Funda, Campos Elísios. A máquina do crescimento utiliza capital imobiliário, empresa de construção pesada, interesses de determinados setores... As empreiteiras tomaram conta da cidade. Elas, que também são financiadoras de campanha, já estavam presentes na coleta de lixo, na energia, na mineração, estão passando para o setor imobiliário.

O que você diz dos efeitos do estresse urbano nas populações de nossas cidades?

Ermínia: Vamos aos dados: 30% da população de São Paulo sofre de depressão, ansiedade mórbida ou comportamento impulsivo. É uma pesquisa da USP.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 24 metrópoles do mundo, São Paulo apresenta o pior quadro. Veja que 29,6% dos indivíduos da região metropolitana apresentam transtornos mentais, nos doze meses anteriores à pesquisa. Ansiedade afetou 19,9% dos entrevistados. Em seguida transtorno de comportamento e de impulso. Claro que o trânsito tem a ver com isso. Isso é uma bomba.

Dois grupos se mostram especialmente afetados: as mulheres que moram em regiões consideradas de grande vulnerabilidade apresentam transtorno de humor, assim como os homens migrantes que moram nessas regiões precárias. Dessas mulheres, 30% são chefes de família. Elas saem para trabalhar e deixam os filhos, que por sua vez ficam sem acesso a esporte, lazer, educação, porque não estão na escola. A mãe não consegue acompanhar. E aí tem a violência policial e o tráfico. Há filmes que mostram bem essa realidade, por exemplo, Os Doze Trabalhos, de Ricardo Elias.

Qual é o tempo médio das viagens?

Ermínia: O tempo médio das viagens em São Paulo era de 2:42 horas. Para um terço da população esse tempo é de mais de 3 horas. Um quinto leva mais de 4 horas, ou seja, passa uma boa parte da vida nos transportes, seja ele um carro de luxo, seja em um ônibus ou trem superlotado, o que é mais comum e atinge os moradores da periferia metropolitana.

Em São Paulo, em 2011, morreram em acidentes de trânsito 1.365 pessoas, 45,2% (617) delas atropeladas, o que revela a insegurança de pedestres, e 512 motociclistas. Ou seja, as vítimas são os pedestres e motociclistas, mas quem causa a morte são os carros, responsáveis por 83% das ocorrências.

Contando ninguém acredita, mas a velocidade média dos automóveis em São Paulo, entre 17 e 20 horas, em junho de 2012, foi de 7,6 km/h – quase a mesma de uma caminhada a pé. Durante a manhã a velocidade é de 20,6 km/h – de uma bicicleta. É um absurdo!

Os congestionamentos na capital paulista, onde circulam 5,2 milhões de automóveis, chegam a atingir 295 quilômetros de vias. Todas as cidades de porte médio e grande estão apresentando congestionamentos devido à enorme quantidade de veículos que entram nelas a cada dia. O consumo é incentivado pelos subsídios dados pelo governo federal e alguns estaduais para a compra de automóveis. Em 2001, em doze metrópoles brasileiras, somavam 11,5 milhões; em 2011, 20,5 milhões. Nesse mesmo período e nessas mesmas cidades o número de motos passou de 4,5 milhões para 18,3 milhões. Em diversas metrópoles, o de automóveis dobrou nesse período.

Em todos os lugares onde vou a grita é geral. Estive no Sindicato dos Engenheiros, em Recife, e todo mundo reclamando do tempo que gastava no trânsito. Se a classe média alta está com esse discurso, imagine como estão os trabalhadores das periferias.

E os dados de poluição também são importantes. Segundo o professor da Universidade de São Paulo, Paulo Saldiva, estima-se que para cada dez microgramas de poluição retirado do ar há um aumento de oito meses na expectativa de vida. Aproximadamente 12% das internações respiratórias em São Paulo são atribuídas à poluição do ar, um em cada dez infartos é resultado da associação entre tráfego e poluição – 76% dela gerada pelos automóveis. Os atuais níveis de poluição do ar respondem por 4 mil mortes prematuras ao ano na cidade de São Paulo. Trata-se, portanto, de um tema de saúde pública.

Como você identifica a atuação dos três poderes com relação à política urbana?

Ermínia: Eles ignoraram. Não é competência do governo federal, por exemplo, tratar do uso e ocupação do solo. Tudo fica a cargo dos municípios: Plano Diretor, Lei de Uso do Solo, transporte urbano, saneamento urbano. Mas o governo federal não colocou transporte urbano na agenda nem no período em que estivemos lá. Essa foi uma das lutas que tentamos encampar. A mobilidade é tão importante quanto a saúde.

Até para moradia se dá um jeito. A população se instala em algum lugar, ocupa área de mananciais, Serra do Mar, beira de córrego, mas, quando está morrendo, não tem jeito. Então saúde e transporte são urgentes.

E qual é a solução?

Ermínia: A reforma urbana é uma agenda. É preciso garantir a função social da propriedade prevista no Estatuto da Cidade, o controle público sobre a propriedade e o uso da terra e dos imóveis – conforme competência legal constitucional –, e tornar os transportes coletivos, e o não motorizado, como prioridade da matriz de mobilidade urbana.

As nossas empresas de transporte são um grande problema. Fernando Haddad pegou um “rabo de foguete”, mas teve apoio do Conselho da Cidade, para abrir a caixa-preta dos transportes.

A presidenta Dilma anunciou o Plano Nacional de Mobilidade. Temos de ir para a rua, porque eu, por exemplo, não quero mais cargo. Quero ser movimento social, sociedade civil, porque não adianta ir para o governo se a sociedade não empurra. Acabará fazendo o jogo dos caras...

Você se refere aos governos de coalizão?

Ermínia: Como é que conseguíamos fazer tanta coisa sem coalizão, na época do modo petista de governar nos municípios? O transporte, hoje, atinge todo mundo, porque quem tem carro também está parado.

As pessoas sentem isso, que a cidade está entregue. Você não vê em lado nenhum que tem uma força do bem conduzindo para algum lado. Isso faz uma sociedade entrar em caos... Qual é a maior causa dessa crise hoje? É o avanço imobiliário que está totalmente descontrolado e avançando sobre a periferia também, empurrando os pobres. A cidade está se espalhando.

Falamos sobre o arcabouço legal, mas como é o desempenho do Judiciário no cumprimento do que está estabelecido?

Ermínia: O Judiciário é extremamente conservador. Tenho quarenta anos de ação em política urbana e o número de sentenças que já vi serem dadas contra a lei impressiona. Se é que podemos dizer que um juiz dá uma sentença ilegal – é surpreendente. Uma hipótese que já levantei é que o Judiciário não conhece a legislação urbanística. Dei aula para o Ministério Público de vários estados. Sempre tem pessoas bem avançadas. Por exemplo, a Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, pelo menos durante um certo período, era mais avançada, e setores do Ministério Público de São Paulo ligados ao meio ambiente e à questão urbana, também.

Mas o Brasil é um país continental, como se dá isso por aí afora?

Ermínia: Minhas pesquisas apontam um país em que a fraude registrária é regra. No mais das vezes em propriedades contíguas a limitação não confere. As propriedades registradas no Pará dão cinco vezes o território do estado. O Incra tem documentos muito bons, inclusive de governos da década de 1990, sobre fraudes em desapropriações. São comuns as fraudes ligadas à questão fundiária, o que se estende à cidade. Há shopping centers em área da União, loteamentos, como Alphaville, que tem parte na área da União. Em São Paulo o bairro São Miguel Paulista ocupou áreas indígenas.

Há um discurso dos ruralistas aparentemente rigoroso por parte de suas lideranças, principalmente a deputada Kátia Abreu, mas uma condição do latifúndio é de invasão de terra. O principal objetivo na aprovação do Código Florestal é a regularização de terras, porque o registro de terras no país é uma barafunda. Ao mesmo tempo, o Judiciário e a mídia acusam o MST de ocupar, derrubar árvores. A Globo mostrou ao Brasil inteiro o MST derrubando árvores, em uma propriedade supostamente de uma empresa de laranjas, só que era uma propriedade grilada, questionada pelo Ministério Público Federal. É propriedade da União.

E qual é a relação reforma agrária e reforma urbana?

Ermínia: É impossível separar as duas coisas porque, atualmente, o que se vê em vários países é que para segurar a expansão urbana se faz uma agricultura urbana, que tem um papel urbanístico e ambiental muito importante na absorção das águas de chuva e não deixa a cidade inundar. São Paulo, segundo o ambientalista Hans Schreier, que está no Canadá, é a maior área impermeabilizada do mundo. O Rio Tietê acabou também tendo a margem mais impermeabilizada por uma obra viária recente. Só a permeabilização do solo é que pode melhorar, porque fazer obra, tipo piscinão, contenções, tem limite. A manutenção é ruim.

Além do papel ambiental, a agricultura urbana evita que o alimento viaje. João Pedro Stédile disse outro dia que em Manaus se come o tomate de Mogi das Cruzes. Isso é um crime. Por que isso se podemos ter o alimento próximo da cidade, principalmente o perecível, na merenda escolar, fresco e sem veneno? O Brasil se tornou o grande país consumidor de agrotóxico no mundo.

Temos florestas no sul do município de São Paulo, temos mata ainda. Uma das propostas é conservar e fazer uma agricultura orgânica nessa região. Os sonhos a gente nunca abandona.

E o comportamento do Legislativo quanto a todos esses temas elencados aqui?

Ermínia: O Legislativo é um caso seriíssimo. Há o capitalismo global de um lado e o clientelismo do outro. Quando eu estava no Ministério das Cidades, aparecia muito deputado pedindo asfalto – em uma quadra, rua, cidade –, era a maior reivindicação de emenda. Fizemos até uma cartilha para tentar politizar os deputados e explicar pelo menos que era preciso instalar a rede de água e esgoto antes de fazer o asfalto.

Sem reforma política não dá. Agora temos de ir para a rua. Criamos um Ministério das Cidades pra quê? Mais um espaço para ser moeda de troca? A esse arcabouço legal e institucional precisa corresponder uma correlação de forças favorável, senão é inútil. O Estatuto da Cidade é festejado no mundo inteiro e nós não conseguimos aplicá-lo.

Todos esses serviços urbanos estão no âmbito dos municípios. Mas em muitos casos a solução de grandes problemas extrapola essa esfera. Não faltam instrumentos para organizar esse tipo de demanda?

Ermínia: Sim, muitas dessas questões são metropolitanas. A única ressalva que eu faria em lei federal é que deveríamos ter um tratamento unificado sobre o que é metrópole e como administrá-la. A Constituição de 1988 remeteu aos estados a questão metropolitana. Então cada um resolveu ou deixou de resolver de um jeito. Há estados que consideram cidades médias metrópoles e estados que não consideram a cidade principal metrópole. Manaus não era região metropolitana e Blumenau era. Não dá para resolver, por exemplo, questões de esgoto, água, transporte, moradia.

E os impactos dos megaeventos nas cidades?

Ermínia: Os megaeventos são como o aumento da febre. Porque junto com megaevento vem um tsunami de capitais para o país, engordam e vão embora. Esses capitais vêm com certas regras, mas nem todas são interessantes para o país, que acaba ficando com elefantes brancos. É o que está acontecendo na África do Sul, na Grécia, na China, onde ocorreram eventos esportivos.

No Brasil, o estádio de Natal por exemplo, já não lotava. Só que o colocaram abaixo e estão construindo outro com o dobro do tamanho. O governo não está investindo, mas toda a infraestrutura de transporte é em função das Copas. Servirá para a população ou só para quem vai do aeroporto para os hotéis?

Mas a situação não é diferente em cada estado?

Ermínia: Sim, é diferente, mas há abuso em todos os estados. Onde há maior arbitrariedade de intervenção na cidade é no Rio de Janeiro. Estão fazendo com que a população pobre saia do centro e vá para o fim do mundo. Há casas do Minha Casa, Minha Vida só para remoção de risco e em consequência da Copa. Tem áreas das quais as pessoas foram retiradas que estão vazias. Pobre desvaloriza.

Você tem esperança de que é possível mudar?

Ermínia: A esperança sempre tem de estar nas gerações que estão vindo, porque para quem tem a minha idade o tempo é limitado. A nossa cabeça é um patrimônio. Somos educados, aprendemos, vivemos experiências e adquirimos certa sabedoria. Eu sempre achei que a educação para os direitos humanos é fundamental e deve começar nas crianças, e agora acho isso mais importante do que nunca.

Há alguns anos, quando eu ia para a periferia, pensava que perderíamos uma geração, porque ninguém estava dando suporte para aquela criançada. Mas estou muito mais otimista depois que as manifestações explodiram. Porque eu acho que a direita neste país, apesar de muito agressiva, não tem condições de dar um golpe. A esquerda, sim, está em condições de se reorganizar e voltar a trabalhar de forma menos institucional e mais preocupada com o social.

Você tem ido para as periferias?

Ermínia: No momento, não, mas acho que tem uma vida na periferia mais interessante do que antes. Mano Brown e Emicida estão entre as lideranças mais importantes do país. Pela cultura, eles discutem tudo, especulação imobiliária e também a questão urbana. Essa efervescência me dá esperança. É afirmação de identidade, reivindicação de melhores condições de vida. É uma tentativa de enfrentar esse abismo que é o tráfico na periferia. Um cara como Mano Brown, que não se vende para a Globo, para mim é um herói.

Fonte: Carta Maior (aqui)

sábado, 24 de agosto de 2013

Transparência: Limeira recebe capacitação do Programa Brasil Transparente até esta sexta

 
Cerca de 90 representantes de 18 cidades iniciaram nesta quinta, dia 22, uma capacitação do Programa Brasil Transparente, realizada em parceria pela Prefeitura de Limeira e a Controladoria Geral da União (CGU). O evento, que prossegue até o final da tarde desta sexta-feira, dia 23, acontece no ISCA Faculdades. A abertura dos trabalhos teve a participação do prefeito Paulo Hadich e do presidente da Câmara Municipal de Limeira, Ronei Costa Martins. A condução é de Márcio Sobral, coordenador do Núcleo de Ações de Prevenção e Combate à Corrupção da CGU.

De acordo com Sobral, a capacitação é uma das ações previstas pelo Programa Brasil Transparente, que visa auxiliar Estados e municípios a aplicar a lei federal 12.527, de 2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação. Ele explicou que o programa inclui uma série de medidas que o governo federal deve tomar para que a lei tenha efetividade. “Essa lei é uma das mais abrangentes do mundo em relação à transparência, ela possibilita que qualquer um de nós obtenha qualquer tipo de informação do governo”, destacou Sobral. “Porém, há muitos municípios que ainda não conseguiram implementá-la na totalidade, por isso precisamos auxiliá-los”.

Com a capacitação destas quinta e sexta, Limeira se consolida como polo regional do Programa Brasil Transparente dentro do Conglomerado Urbano de Piracicaba. “Para nós, é muito importante Limeira sediar este evento, já que recentemente passamos por um processo que levou à cassação de um prefeito”, afirmou o prefeito Paulo Hadich. “Nós, administradores públicos, temos que ter a coragem de nos tornarmos vulneráveis, para que sejamos fiscalizados com toda a transparência”.

Para Hadich, “o índice de cobrança que a população está fazendo nunca tinha sido visto no Brasil”. “Quando criamos mecanismos de transparência, permitimos que as pessoas saibam por que as coisas acontecem ou não. E quando as pessoas se apoderam das informações, as decisões passam a ser delas, e não do governo”, ressaltou.

por Secretaria Municipal de Comunicações (aqui)

MEUS COMENTÁRIOS:

O encontro foi bem interessante. Os técnicos da CGU elaboraram um curso bem esclarecedor. Em suma, o que não for de segurança nacional, o que não for sigiloso por estar em processo ou o que não for pessoal, está liberado para qualquer pessoa saber.

O que querem com isso é passar da Cultura do Sigilo que imperava para a Cultura do Acesso, onde qualquer pessoa pode e deve acompanhar já que os recursos são públicos e de todos.

Grupo de Trabalho elabora nova Política Municipal de Educação Ambiental com colaboração da sociedade


Com o objetivo de construir coletivamente a Política Municipal de Educação Ambiental, para garantir o empoderamento e o compromisso de toda sociedade civil organizada junto ao poder público municipal na promoção de uma nova sociedade, reuniões estão sendo realizadas pela Prefeitura de Limeira, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Bioatividades, com representantes da Unicamp, ONGs, escolas, empresas, associações e sociedade civil.

De acordo com o diretor de Parques Ambientais e responsável por Educação Ambiental da secretaria, Tiago Valentim Georgette, a Lei 2.883/98, referente à Educação Ambiental, está defasada, e nessas reuniões será elaborado o projeto de lei (minuta) da nova Política Municipal de Educação Ambiental. “A primeira reunião, realizada no dia 22 de abril deste ano, contou com a participação de 54 pessoas. Destas, um grupo de trabalho foi formado com 15 membros, que já realizaram 10 encontros”, diz. “Mobilizamos também a sociedade civil para, junto com o poder público, elaborar a nova lei”.

Nesta quarta-feira, 21 de agosto, o grupo de trabalho se reuniu com a sociedade civil no Colégio Técnico de Limeira (Cotil/Unicamp) para discutir o que já foi elaborado durante as reuniões, como definições, objetivos e princípios. “Este grupo de trabalho se reúne semanalmente e, de tempos em tempos, abrimos para a sociedade civil também participar, sugerindo e colaborando na construção da nova política”, explica Georgette.

Para o professor e representante da sociedade civil André Aparecido Malavazzi, essas reuniões criam horizontes e abrem espaço para a população participar, sugerindo acerca da Educação Ambiental. Já o tecnólogo em Saneamento Ambiental e representante da Unicamp Wagner Colho da Luz acredita que, nesses encontros, a Educação Ambiental será fortalecida para a sociedade enfrentar determinadas situações vividas nos dias de hoje, como, por exemplo, a água, que é uma questão mais urgente. “A participação de todos se faz necessária, pois é a única forma de enfrentarmos os problemas ambientais pelos quais estamos passando”.

Os participantes foram separados em dois grupos, os quais responderam um questionário com a finalidade de identificar os perfis de atuação de Educação Ambiental no município. “Esse questionário pode ser solicitado na Secretaria de Meio Ambiente por qualquer pessoa que queira colaborar com o trabalho”, informa Georgette.

Na próxima reunião, agendada para quarta-feira, 28 de agosto, no Museu da Joia, das 14h às 16h, o grupo de trabalho irá discutir as diretrizes de como executar a Educação Ambiental. A expectativa do diretor é que até o final de setembro a minuta seja concluída e encaminhada à Câmara Municipal.

A Secretaria de Meio Ambiente fica na rua João Kühl Filho, s/nº, Parque Cidade. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (19) 3451-2714.

Fonte: site da Prefeitura de Limeira (aqui)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Reunião inicia trabalhos do projeto Dê as Mãos para o Futuro


Dê a mão para o futuroA Cooperativa de Reciclagem de Limeira (Coopereli) sediou nesta terça-feira, 13 de agosto, a reunião de início dos trabalhos do projeto Dê as Mãos para o Futuro. Trata-se de uma parceria, firmada no dia 3 de julho, que envolve a Prefeitura, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) e a Associação Brasileira de Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (ABIPLA), além da Coopereli. O objetivo é organizar e aprimorar a coleta seletiva no município, através do fortalecimento e organização da cooperativa.

Participaram dos trabalhos representando a pasta de Meio Ambiente o diretor Tiago Valentim Georgette e a estagiária Rogéria Maria de Oliveira. Do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), estiveram presentes a assistente social do CRAS das Famílias Maria Alencar e a ecóloga Silvana de Oliveira. Representando a ABIHPEC, o coordenador técnico Rafael Furlan, e a Coopereli, a presidente Marlene de Jesus Saraiva, além de 11 cooperados.

De acordo com Georgette, no encontro foram apresentados a todos os envolvidos o funcionamento do convênio e alguns conceitos importantes como Logística Reversa, Pirataria de Embalagens de Perfumaria e Remuneração sobre Serviços Ambientais. “Foi aprovada uma visita dos cooperados de Limeira a uma cooperativa de catadores bem organizada no Estado de São Paulo”, disse. Na reunião, também foi combinado um sistema de divulgação da coleta de materiais recicláveis em Limeira.

Projeto

O Dê as Mãos para o Futuro terá 24 meses de duração e envolverá a capacitação dos cooperados, aquisição de equipamentos para a cooperativa e divulgação da coleta seletiva no município. A iniciativa visa proporcionar benefícios ao meio ambiente local, por meio da diminuição do volume de resíduos encaminhado ao Aterro Sanitário e redução do consumo de energia através da reciclagem de materiais. O projeto também proporciona benefício social, já que gera renda e fortalecimento dos eco-coletores e melhoria da qualidade de vida da população.

As reuniões na Coopereli acontecerão quinzenalmente.

por Secretaria Municipal de Comunicações (aqui)

Secretaria de Meio Ambiente de Limeira se reúne com Diretoria de Iracemápolis

O secretário de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Bioatividades de Limeira, Alquermes Valvasori, reuniu-se nesta terça-feira, 13 de agosto, com representantes da Diretoria de Meio Ambiente de Iracemápolis. O encontro, que ocorreu no Museu da Joia, teve como objetivo o planejamento de atividades conjuntas e trocas de experiências entre os responsáveis pela área de meio ambiente das duas cidades.

Também estiveram presentes os diretores da pasta de Limeira Tiago Valentim Georgette, Giuliana Clarice Quitério e Antonio Carlos Siqueira. Do município de Iracemápolis, participaram da reunião o coordenador de Planejamento, Valdir Alvarinho, e o diretor de Relações de Meio Ambiente, Murilo Basso Nolasco.

“A reunião visou a troca de experiências sobre as características de cada pasta do Meio Ambiente, sobre a realidade ambiental dos municípios, seus desafios e programas ambientais, além do planejamento de parceria na área de apreensão de animais de grande porte”, diz Valvasori.

O secretário explicou que a parceria no serviço de apreensão de animais de grande porte visa o envio de animais de Iracemápolis que sofrem maus-tratos ou são abandonados para que sejam acolhidos na estrutura existente em Limeira, até que sejam buscados pelo dono ou leiloados. “O Setor de Apreensão de Animais fica no Horto Municipal. Nesta parceria, os custos de alimentação e serviços veterinários seriam custeados pela Prefeitura de Iracemápolis”.

“Toda ação integrada regionalmente entre as prefeituras é bem-vinda, mas a questão do meio ambiente é primordial. Afinal, o meio ambiente, seus benefícios e riscos não reconhecem fronteiras e sua gestão e proteção devem ser integradas”, acredita o secretário.

por Secretaria Municipal de Comunicações (aqui)

Despejo de entulho no aterro terá reajuste


Despejo de entulho no aterro terá reajuste
Prefeitura não definiu novo valor, que passará a valer amanhã.

As empresas de caçambas e pessoas que fazem o despejo de entulho no Aterro Sanitário, em Limeira, podem preparar o bolso. É que, a partir de amanhã, a prefeitura reajustará o preço do metro cúbico cobrado para o despejo de material no aterro.
Segundo o diretor de Parques Ambientais da Secretaria de Meio Ambiente, Tiago Valentin Georgette, ainda não se sabe o valor do reajuste, mas o aumento será baseado no INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor) e na inflação do período.
Atualmente, o valor do metro cúbico é de R$ 8,39. O preço vale para caçambas (o tamanho varia entre três e quatro metros cúbicos) e caminhão truck (que chega a ter 10 metros cúbicos).
O diretor afirma que o valor está abaixo do custo, portanto, defasado. "O valor é subsidiado. É difícil deixar muito mais caro, porque daí estaremos incentivando o despejo irregular", fala.
Por dia, conforme Georgette, são despejados no aterro cerca de 250 metros cúbicos. No mês, são aproximadamente 16 mil toneladas ao todo de lixo despejado no local.
De acordo com o proprietário de uma empresa de caçambas na cidade, o valor cobrado é alto. "Há um ano, o valor do metro cúbico para despejo era de R$ 1,80. Depois, aumentou para R$ 3,30 e agora pagamos R$ 8,39. Acho que subiu muito em pouco tempo", opina.
Conforme ele, quem paga esse valor é o cliente, que contrata o serviço de caçamba. "Tenho que embutir no preço. Tem empresa que não faz isso e acaba despejando em locais clandestinos", alerta.
Segundo este proprietário, o valor de R$ 8,39 é para despejo de entulho - como madeira, terra, mato, tijolo e cimento. Para o despejo de gesso, areia de fundição, plástico e papel, o valor do metro cúbico é de R$ 63,81.
Em Campinas, a prefeitura ainda não cobra pelo despejo. Mas conforme a reportagem apurou, isso deve mudar ainda este ano. De acordo com informações da Assessoria de Imprensa do Executivo, o despejo no aterro da cidade será cobrado, mas ainda não se sabe o valor.
Em Piracicaba, o despejo é feito em áreas particulares. Em duas consultadas pela reportagem, o valor cobrado é de R$ 100 por caçamba.

Fonte: Jornal de Limeira (aqui).

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Abelhas produzem mel nos telhados verdes de Nova York


No alto dos arranha-céus de Manhattan, colméias polinizam jardins que ganham espaço cada vez maior

NOVA YORK -  Nos telhados dos prédios do centro de Manhattan, uma empresa cria abelhas que polinizam novas colônias nos telhados verdes em número cada vez maior e produzem mel para os inquilinos de sorte que trabalham nos andares de baixo.

Richard Kohlbrecher, que é alérgico a veneno de abelha, conta que viu muitas abelhas na cobertura de um edifício e então interessou-se pelo assunto.

"Eu nunca tinha visto isso antes e a descoberta me fez pensar: se há que muitas abelhas na região central, talvez faça sentido para colocar algumas colmeias", disse Kohlbrecher, vice-presidente de operações da companhia Durst, dona de uma torre de 51 andares na esquina da rua 42 com a Sixth Avenue.

E assim, sem o conhecimento dos trabalhadores dos escritórios do prédio e dos turistas que tomam sol no Bryant Park, ele cuida agora de uma colmeia de cerca de 100 mil abelhas europeias.

Talvez não seja surpreendente que a companhia Durst tenha se tornado defensora da apicultura. A empresa tem telhados verdes em oito de seus edifícios comerciais.

O edifício One Bryant Park, que recebeu um certificado do conselho de construções verdes dos Estados Unidos, abriga os negócios sociais e os investimentos do Bank of America, bem como os escritórios da companhia Durst.

Entre as características 'verdes' do edifício estão um sistema de filtro de ar especial que elimina 95% das partículas em suspensão, uma sala de jardim urbano no lobby e o telhado verde, que usa adubo feito a partir de resíduos da cafetaria do edifício.

A apicultura tem uma longa tradição em Nova York, incluindo agora poleiros elevados como os dos terraços do Waldorf-Astoria Hotel e do Museu Whitney de Arte.

Colmeias estão se tornando cada vez mais comum na cidade, embora não haja nenhuma lista detalhada de seus locais, disse James Fischer, diretor de educação da TheHoneybeeConservancy.org, um grupo de defesa das abelhas.

A tendência acelerou-se nos últimos três anos, desde que a administração do prefeito Giuliani acabou com a proibição das colmeias na cidade.

Em Londres, o número de colmeias urbanas também explodiu nos últimos anos, a ponto de haver preocupação de falta de jardins para alimentar todas as abelhas.

Em Nova York, onde as abelhas ainda não correm o risco de enfrentar qualquer escassez de alimentos, qualquer pessoa pode manter uma colmeia, desde que com registro no Departamento Municipal de Saúde.

No telhado verde do One Bryant Park, o processo de polinização natural das abelhas ajuda a manter a área de cerca de 6 mil metros quadrados, onde plantas ajudam a reduzir o calor urbano.

A apicultura é uma tarefa relativamente barata. Com US$ 125 dólares é possível comprar algumas abelhas, e não é necessário um grande trabalho de manutenção. Há criadores que remetem as abelhas pelo Serviço Postal dos EUA.

Para comprar uma colmeia madura, já produzindo mel, o preço pode chegar a US$ 300 a até US$ 1 mil. A Organização Durst planeja distribuir o mel para seus inquilinos, como presentes de Natal.

Embora os esforços de polinização das abelhas possam ajudar a manter a saúde dos telhados verdes, elas não são comumente utilizadas para este fim, principalmente por causa do medo de picadas. No entanto, as abelhas são inerentemente criaturas dóceis e, na verdade, eles morrem após picadas.

Fonte: Estadão (aqui)

Secretaria de Meio Ambiente lança projeto de preservação das bacias hidrográficas


A Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Bioatividades de Limeira lançou na manhã desta sexta-feira, 9 de agosto, o projeto de capacitação e conscientização de professores e alunos da rede municipal de ensino sobre a valorização das bacias hidrográficas do município. A iniciativa é uma parceria com o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) e com o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro).

O secretário da pasta, Alquermes Valvassori, ressaltou que, há algumas décadas, 70% da população de Limeira era rural e que hoje esse número não passa de 4%. “As pessoas costumam passear na área rural somente aos finais de semana em busca de sossego e a secretaria sempre atuará na melhoria da qualidade de vida e bem-estar das pessoas. Para isso, a preservação é muito importante”.

O lançamento teve a presença de Dinorah Cappi Redondano, uma das idealizadoras do projeto, que tem como objetivos a conscientização das crianças sobre a importância da preservação do meio ambiente, especialmente da região urbana de Limeira, sua fauna e flora, e atender os “5R”: Repensar, Reduzir, Recusar, Reutilizar e Reciclar, entre outros. “O projeto visa preservar o meio ambiente, principalmente a capacidade hidrográfica da região urbana do município, assim como sua fauna e flora”, informou Dinorah.

Foram confeccionados seis mil kits, que serão distribuídos aos alunos dos 4º e 5º anos das escolas da rede municipal de ensino, professores coordenadores e diretores. Cada kit contém dois livros, “Rio sem lixo é rio limpo” e “Uma boa ideia”, um jogo de percurso “Rota dos Resíduos”, com cartelas, dados e regras, além de lápis e borracha.

“A iniciativa surgiu no final de 2008 e, após avaliação e aprovação em 2009 pelo PCJ e Fehidro, os materiais foram elaborados em 2010 e destinados a correções”, contou Dinorah.

Capacitação

Cerca de 50 professores coordenadores receberam nesta sexta treinamento para trabalhar o kit com os alunos. Ao final do projeto, 25% dos alunos (1.402 discentes) realizarão uma avaliação. Os demais 75% preencherão um relatório para posteriormente elaborar um parecer final com todas as escolas, que será encaminhado ao Fehidro. “Esse material vai para as casas dos alunos, atingindo também a família e a comunidade em que vivem, por isso é importante trabalharmos o aprendizado e a conscientização dessas crianças”, destacou Dinorah.

por Secretaria Municipal de Comunicações (aqui)